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Guardiões da Galáxia: Volume 3

Foto do escritor: Messias AdrianoMessias Adriano

Atualizado: 31 de jul. de 2023


Quando James Gunn trouxe às telas seu primeiro Guardiões da Galáxia nos idos de 2014, o diretor e roteirista pareceu bem à vontade com o chamado Estilo Marvel de aventura descompromissada com qualquer seriedade e mais puxada pro humor. Deu muito certo. A saga dos párias esquisitos de diversos planetas ganhou mais duas sequências de histórias que sempre orbitam em torno da união pelo sangue e pela afinidade: o volume 1 dava uma certa importância à maternidade, o volume dois era sobre pais e esse terceiro é sobre guaxinins. Digo, sobre amizade, união dos desajustados, essas coisas, vocês entenderam.


Na trama, Peter Quill (Chris Pratt) e sua trupe partem rumo ao planeta de onde veio Rocket (Bradley Cooper. Sim), visto que somente lá poderiam encontrar as informações necessárias para salvar a vida da criatura, que foi atacada de surpresa por um indivíduo desconhecido. O líder do grupo está deprimido após perder sua parceira amorosa Gamora (Saldaña), mas tem que lidar com uma ameaça à galáxia e uma ameaça à vida do seu melhor amigo. Ou segundo melhor amigo, segundo Drax (Bautista).


Gunn se mantém fiel ao estilo leve da franquia e por óbvio que não esqueceria de dar importância às músicas. Em nenhum momento elas soam gratuitas, porque já fazem parte da identidade dos filmes e principalmente porque existe toda uma motivação construída por trás do passado de Peter Quill na Terra, que já foi exploradas nos outros filmes. Algumas escolhas podem até soar um tanto quanto óbvias nas letras, mas o resultado agrada bastante (boa tentativa, James Gunn, mas o melhor uso de Creep ainda vai ser naquele trailer de A Rede Social).


Se Gamora aqui perde importância comparado aos outros dois filmes, todo o foco deste terceiro volume está em Rocket. A montagem paralela alterna os esforços para salvar a vida da criatura com momentos do passado, dando detalhes sobre sua concepção e de suas amizades anteriores. É aqui que o filme ancora seus esforços na tentativa de extrair algum tipo risco e drama à narrativa, com direito a muitos closes nos focinhos-fofinhos de pequenos guaxinins modificados.



A estratégia funciona em parte. Isso porque, apesar de todo o passado de Rocket ser bem redondinho nas bases dramáticas a que se propõe, o filme não aguenta deixar existir nenhum momento sequer de mínima sutileza, enfiando falas que quebram o que já estava claro imageticamete: quando os animaizinhos modificados estão rindo e se divertindo, eles deitam no chão e um deles tem que falar: “Ai… É bom ter amigos”. Sim, eu sei, eu estava vendo vocês se divertindo, eu estava entendendo. Ou depois de uma tomada aérea indicando casas bonitinhas com jardins e famílias convivendo em paz na Contraterra, ao passearmos de carro e olharmos mais de perto, vemos seres vendendo drogas para crianças, assaltos, violência e percebemos que o plano do Alto Evolucionário de criar um universo de seres harmônicos não deu nada certo. Uma passagem bem significativa, certo? Que tal inserir um personagem questionando em voz alta “É essa a sociedade perfeita?”, pra ficar ainda mais claro para aqueles que não entenderam?


Essa verborragia tira um pouco do brilho inclusive do antagonista Alto Evolucionário, cujo objetivo é bem explicado e performado por Chukwudi Iwuji. A presença grandiosa do personagem lembra até a de um vilão clássico de James Bond, pela inteligência e sorrisinho cínico na primeira metade, apenas para endoidar, gritar e imitar o choro de personagens no terço final do filme. É como se toda a característica manipuladora fosse esquecida em nome da obrigatória grande-batalha-final.


Redundâncias à parte, é um filme divertido e que acerta no humor. Dave Bautista prova seu talento mais uma vez pelo timing cômico e faz de Drax o personagem no qual o filme encontra as melhores tiradas. Há um momento particularmente tocante no qual o grandalhão precisa explicar de forma inteligível a melhor forma de um grupo frágil se proteger e, em sua inocência, ele é carismático e inteligente o suficiente para alcançar esse objetivo e ainda cativar o espectador.



Depois de tantas histórias genéricas e sem graça contadas neste último ano no famigerado “gênero super-herói” (estou olhando pra vocês, Shazam 2 e Homem-Formiga Quantumania), Guardiões da Galáxia Volume 3 constrói bem os riscos que envolvem os personagens e ainda se mantém fiel à fórmula. Não há grandes ousadias ou inovações, mas sensação que dá é de pedir no cardápio do restaurante um riz et haricots, gostar pra caramba e depois descobrir que era só arroz com feijão. Mas um arroz com feijão bem feito e bem temperado.


 

Nota: 3/5





31 visualizações2 comentários

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2 comentarios


Milena Moura
Milena Moura
09 may 2023

Sim! Filme excelente, gostei bastante da crítica

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gaabriielmouraa7
09 may 2023

ótima crítica! muito bem escrito!

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