
Em uma base de uma pequena cidade do Reino Unido, esposas de militares britânicos têm que lidar com a ansiedade quando os maridos são enviados ao Afeganistão para mais uma missão. Como precisam se entreter de alguma forma, organizam grupos de tricô, de leitura, até que uma delas tem a ideia de montar um coral.
Isso abre espaço para que Unidas Pela Esperança insira diversas músicas goela abaixo do público, fórmula já utilizada por filmes como Trolls, Pitch Perfect, ou Sing. Ok, escutar uma versão revisitada de um clássico ou de um synth pop é legal. O problema é que, em um filme, elas precisam ser bem executadas e bem inseridas na história para que o impacto seja justificado. Não é o que ocorre aqui.
Kate (Scott Tomas) perdeu o filho de forma traumática e tenta impor ordem no grupo de mulheres por meio da disciplina rígida. Chata. Já Lisa (Sharon Horgan), em oposição, gosta de levar as coisas de um modo mais leve, sem tanta rigidez e dureza da colega.
Com a sutileza de um caminhão batendo em um muro, o filme faz questão de mostrar que as duas são antagonistas, vide a cena das duas dando entrevista no rádio (“Vamos cantar muitas músicas dos anos 80“ “E muitos clássicos também!“ “E depois vamos tomar muitas cervejas“). Implausível e constrangedor de tão exagerado, quase um Zorra Total, mas com humor britânico torto.

Os pontos positivos não vão muito além do sotaque carregadíssimo e charmoso das personagens. Algumas passagens do drama até ensaiam alguma profundidade, como a conversa de Kate com o marido no hospital, mas somente para depois os roteiristas pisarem no acelerador do piegas, visto que, no momento seguinte, há uma passagem na qual uma das esposas faz um discurso convencendo as outras a não desistirem do projeto.
E os clichês continuam: quando está com raiva, Lisa orienta que as colegas cantem alto e forte. Quando está compondo uma música, cheia de papeis a sua volta, ela sorri antes de ter um insight e escrever uma frase. Uma personagem é tímida e não canta por vergonha, mas se pega dando um solo de destaque, quando todas as outras se calam e se surpreendem com a voz da colega.
Sem graça e forçado, se ancora no poder das músicas pra fisgar o espectador de alguma forma. Nesse caso, talvez fosse melhor assistir, sei lá, The X Factor.
*Texto publicado originalmente no site Canal Claquete em janeiro de 2021.
Nota: 2/5

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