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Sirat | Crítica

  • Foto do escritor: Messias Adriano
    Messias Adriano
  • 26 de out.
  • 2 min de leitura
Sirat crítica

Os letreiros iniciais de Sirat explicam que o título faz referência a um local perigoso, uma ponte para o inferno na qual muitos padecem. As expectativas, portanto, são altas não somente pelo burburinho que o filme de Oliver Laxe causou no festival de Cannes de 2025, no qual foi laureado com o Prêmio do Júri, mas também pelo próprio filme, que parece acreditar que conduzirá o espectador por tais caminhos nervosos.


Na trama, um homem chamado Luis (Sergi López) vai acompanhado do seu filho Esteban (Bruno Núñez Arjona) em uma rave no sul de Marrocos em busca de Mar, sua filha sumida há 5 meses. Com a festa interrompida por intervenção de forças militares, os dois acabam por seguir um grupo de ravers que dirigem suas caminhonetes pelo deserto em busca de outra festa, onde a jovem sumida pode estar.


Até lá, são danças, danças e mais danças sob o som do trance. Uma espécie de libertação do mundo exterior na qual aqueles fãs de música eletrônica querem seguir. No caso, há um grande conflito armado acontecendo. Noticia-se pelo rádio o início da 3ª Guerra Mundial, mas esses dançarinos do deserto formam uma espécie de “desertores” (rá!) do conflito.


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Se o início nos apresenta longas cenas de dança durante a festa, logo há a substituição por outra espécie de balé sob a trilha sonora de música eletrônica, com longos planos dos carros rasgando o imenso deserto pelo qual os automóveis passam. A movimentação (tanto dos corpos, quanto das máquinas), se faz necessária para a fuga.


É como se o bando quisesse ir o mais longe possível, onde o exército ou outro tipo de problema não poderiam lhes encontrar, mesmo que tenham que passar por um desfiladeiro mortal para isso, mesmo que tenham que dançar em um campo minado de perigos. Comenta-se entre os ravers, inclusive, que houve troca de famílias: enquanto Luis e Esteban se arriscam para procurar a filha e irmã desaparecida há meses, aquele grupo nômade há muito abandonou os seus tradicionais parentes para se aliar aos novos irmãos sem laços de sangue na busca pelas festas e drogas que alteram o estado de consciência.


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No entanto, chega-se a um ponto no qual o enigma da filha não é explorado, pois substituído por outro conflito e drama ainda mais urgente. A busca pela rave é sobreposta por uma sucessão de agonias que faz o grupo querer então escapar do escape.


Não se pode negar que Laxe consegue evocar angústia e apreensão nessas passagens. Pelas frágeis bases nas quais os personagens são construídos, há um momento em que tudo vira, no entanto, quase cômico, não dramático, o que faz com que Sirat seja tão divertido ou enervante como uma montanha-russa em um parque de diversões: momentaneamente tenso, mas não o suficiente para essa descida ao inferno ficar tão marcada na memória assim.



Sirat crítica

Nota: 3/5


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